quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Chique para Deus: a beleza de ser simples

Foto: Traços da simplicidade

É impressionante o tempo de vida que investimos para manter nossa “boa aparência”. O problema está não na boa aparência, mas confundir exagero, ostentação, disfarce, com boa aparência.
São necessários cuidados com o corpo, cabelo, vestuário, enfim, com tudo aquilo que nos faz parecer melhores para nós mesmos e para os outros. É salutar e agradável ao homem valorizar sua condição humana e zelar de seu corpo com cuidado, aprimorando com responsabilidade a qualidade de vida: esse é o segredo da auto-estima e da valorização do dom da vida. Não somos refugos da história, somos flores no jardim da vida!

Graças ao amor de Deus e sua perfeição no ato criacional, temos consciência de que nos cabe zelar e proteger toda a quase infinitude da criação divina. Este ato de preservação e cuidado deve acontecer de forma saudável e equilibrada, evitando-se cair no extremo da ditadura da estética, da idolatria do corpo e do culto obsessivo pelo prazer. Conservar a singeleza divina presente no ato criador é salvaguardar o projeto de Deus. Muitas vezes confundimos beleza com o excesso de vaidade e acabamos caindo nas amarras do exagero que, por sua vez, leva-nos ao desequilíbrio funcional e, quando percebemos, somos vítimas da neurose compulsiva de brilhar. O belo é simples. É até um princípio da ciência: entre duas opções, escolha-se a mais simples.

Toda mística de Jesus passa pela simplicidade. A beleza dos lírios dos campos. A pureza das crianças. O óbolo da viúva. Jesus encontra a beleza na simplicidade das relações e enaltece os pequenos, singelos, simples e puros de coração. Assim nossas relações de convivência devem ser: pautadas pela beleza da simplicidade. Ser simples é que é “ser chique”. É assumir a própria história de vida, não criar personagens ilusórios e inconsistentes que ofusquem o brilho do ato criador.
A beleza das relações não está nas falácias da moda, tão vulneráveis e passageiras, mas na simplicidade de assumir o concreto da vida.

O ser humano foi criado para a felicidade. Para ele é necessário evoluir, aprender, progredir. Todo gesto saudável em favor realização humana agrada a Deus e valoriza o ato criador. Seria muito enriquecedor para todos se a beleza da simplicidade e da pureza presentes na criação sejam sempre a etiqueta dos relacionamentos humanos, a nobreza que cativa.

Nada mais “chique” do que ser fiel ao projeto de Deus. A simplicidade é a maior beleza derramada na história: dá finos tratos aos homens e lapida seus relacionamentos. Somente aqueles que descobriram a riqueza de ser simples na vida encontraram, na própria vida, a simples razão de viver: tornaram-se “chiques” aos olhos de Deus.

Vilmar Dal-Bó Maccari