O último dia:
Alexandre, eu e você
Em uma segunda feira, última semana do mês de
abril, acordei com a triste notícia de que um jovem com apenas 17 anos de idade
havia sido ceifado da vida em um acidente automobilístico no interior do
estado.
Aos 17 anos se espera tudo na vida; menos a
morte. Espera-se a aprovação no vestibular, um estágio remunerado, uma
oportunide de trabalho, um grande amor; conhecer novos amigos, novas pessoas,
novas culturas, novos países. Com 17 anos espera-se da vida: o feriado, a
primavera, o verão, a praia. Não a morte!
O sentimento é de que a morte não combina com
um jovem de 17 anos, não rima com a vida, com o futuro, com a esperança. Porém,
a realidade é estreita, a irmã morte, como assim a chamava São Francisco de
Assis, não se deixa seduzir pela pouca idade, pela condição
sócio-cultural-financeira, pelo poder, ou, pela fama. A morte é uma realidade
imperativa. Morreremos!
Por mais que tenhamos Vida, e a tenhamos em
abundância, a morte é o limite. Limite que nos faz recordar que somos humanos,
frágeis, criaturas sensíveis e passageiras. Na vida encontramos oportunidades
diferentes, trilhamos por caminhos diferentes, fazemos escolhas diferentes, mas,
todos nós, independente de nossas escolhas, letrados e ignorantes, ricos e
pobres, brancos e negros, experimentaremos a mesma realidade: a realidade de
morrer.
Os três últimos desejos do imperador Alexandre,
o Grande, ao defrontar-se com a morte tem muito a dizer-nos. Disse o Grande:
Meu primeiro desejo é que meus médicos devem
carregar sozinhos meu caixão. Em segundo lugar, desejo que quando meu caixão
estiver sendo levado para a sepultura, o caminho que levar ao cemitério deverá
ser coberto com ouro, prata e pedras preciosas, que recolhi ao meu tesouro
durante minhas conquistas. Meu terceiro e ultimo desejo é que minhas duas mãos
sejam deixadas balançando ao vento, fora do caixão e à vista de todos.
As pessoas ali reunidas se admiraram com os
estranhos desejos do rei, mas ninguém ousou questioná-lo. Porém, um dos
generais mais queridos de Alexandre beijou sua mão e perguntou-lhe: "Ó
rei, nós te asseguramos que seus desejos serão todos cumpridos. Mas diga-nos,
por favor, por que nos faz pedidos tão incomuns?"
Alexandre, então, respirou fundo e disse: Eu quero que o mundo conheça as três lições
que acabo de aprender:
1)
Quero
que meus médicos carreguem meu caixão para que as pessoas percebam que nenhum
médico pode realmente curar nosso corpo. Eles são impotentes e não podem salvar
uma pessoa das garras da morte certa. Ninguém deve viver sua vida como algo
garantido.
2)
Meu
segundo desejo, para que o caminho até o cemitério seja coberto de ouro, prata
e outras riquezas, é para que as pessoas saibam que nem mesmo uma fração de meu
ouro irá me acompanhar. Passei toda minha vida acumulando riquezas, porém tudo
que aqui conquistei, aqui ficará.
3)
Sobre
o meu terceiro desejo, de ter minhas mãos à mostra para fora do caixão, é para
que as pessoas saibam que eu vim até este mundo de mãos vazias e de mãos vazias
sairei."
Na Sagrada Escritura, Nosso Senhor Jesus Cristo,
defronte a morte, deixa-nos uma única certeza: “Eu os ressuscitarei no dia final (Jo 6,51)”. Partindo da premissa, o qual todos nós morreremos,
também é certo, que todos nós que cremos ressuscitaremos. Não por nossos
méritos ou sofrimentos, mas pela fé e pelos desígnios de Deus. E, assim sendo, por mais forte que seja a
dor, a saudade e o sofrimento devemos aprender a dizer para a nossa mente e
para o nosso coração: não morro, entro para a vida!
Gesto
difícil, porém pedagógico.A morte não nos vencerá!