sábado, 21 de julho de 2012

Um gol a favor do Domingo


Foto: Intimidade

Um já falecido Monsenhor costumava nos dizer que rezar é pensar em Deus com carinho. É deixar com que a nossa mente e toda a nossa atenção se voltem para ele. Na oração, recordar-se do itinerário experimentado ao longo do dia: nossos pensamentos, nossas atitudes; nossa forma de falar, de agir e de ser. É o momento oportuno para o exercício da humildade, perdoar a quem nos ofendeu, e pedir perdão a quem ofendemos. Insistia que a oração não consiste em palavras decoradas e repetidas sem a elevação do espírito. Rezar é entrar na amizade, na intimidade de Deus. Bastariam ao menos, para esse colóquio, sempre quando possível, dois minutos diários com a Palavra de Deus. É a Sagrada Escritura, afirmava, a vitamina, “o Biotônico Fontoura” do cristão forte.

Este velho monsenhor acreditava no poder da Palavra de Deus, não cansava de repetir-nos: “A Palavra de Deus é como uma espada de dois gumes, que penetra no mais íntimo de nosso ser e vai modificando toda a nossa existência, nossa forma de pensar e de agir e de ser”. A oração lapida o homem. Torna-o pessoa mais equilibrada, mais calma, mais justa, mais humana e feliz. Um verdadeiro cristão, finalizava.

Nos tempos modernos nos falta tempo para rezar. Falta tempo para o cristão, para o judeu, para o muçulmano. O dia é muito corrido, muitas são as atividades, há aqueles que defendam que o cansaço do dia a dia, após uma jornada intensa de atividades, por si, se faz oração. O Domingo, o dia do Senhor, dia reservado para o descanso, a meditação e a oração, tornou-se o dia do Shopping, das compras, dos clássicos de futebol. Para muitos, os Shoppings e os Estádios são as novas Catedrais. Segundo Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Londrina, vivemos em uma época em que os “Deuses” da moda e da bola ocupam os altares principais de nossos Domingos. Padre Vilmar Adelino Vicente, professor de Moral Social, costuma afirmar em suas aulas que são muitos os quem defendem os comércios abertos aos Domingos, mas, são poucos os que se preocupam com as portas das Igrejas fechadas aos Domingos. Vivemos em um tempo onde cada vez mais os Domingos se parecem com os sábados e os sábados com os Domingos, se não fosse, claro, a segunda –feira, que o Domingo nos insiste em recordar.

A dessacralização do Domingo também toca a responsabilidade de nossos líderes religiosos. Quais são os trabalhos oferecidos na vida eclesial aos Domingos? Como anda a qualidade das homilias dominicais? Os horários das celebrações são adequados à dinâmica da vida local? Porém, ainda que estes sejam argumentos lógicos para dificultar a vivência do Domingo, não são fortes o suficiente para fazer-nos esquecer que o Domingo é o Dia do Senhor. É o dia de visitar a casa daquele que nos visita durante toda a semana. De devolver-lhe um pouco de tudo o que a sua infinita bondade nos concedeu: a vida, a alegria, o nosso sorriso, a nossa voz, o nosso canto, enfim, a nossa vivência litúrgica.

A conciliação do tempo é sempre a via da maturidade e do equilíbrio. Quanta alegria está em sair com os amigos, assistir a uma partida de futebol, caminhar nas montanhas, na beira de uma bela praia, nadar, correr. Quanto bem nos faz dar uma prova de maturidade e responsabilidade ao dizer: “Chegou a minha hora, preciso ir. Ele me espera! Preciso visitar aquele que não se cansa de me visitar”. E ao chegarmos a sua casa estabelecemos uma intensa conversa de velhos amigos, relembrando-se de coisas da vida, dificuldades, alegrias, desafios. Pede-se perdão pelas faltas cometidas, glorificam-se as maravilhas da criação, participa-se do banquete. Nós falamos, Ele nos escuta. Às vezes, não falamos nada e, no silêncio, escutamos tudo. Pode ser que ambos permaneçamos em silêncio, mas, mesmo assim sentimos a presença um do outro.  E isso nos basta!

Quanto à nossa vivência dos Domingos junto dele, descobrimos que Ele não é ciumento, controlador, possessivo, basta conciliar. O que não podemos é correr o risco de botá-lo no banco de reservas. No Domingo, ele é o titular! Mas o gol, somos nós que fazemos.
Bom passeio! Bom clássico! Mas estejamos atentos ao horário da celebração! Ele nos espera.

domingo, 8 de julho de 2012

A vida da gente

















Quando criança nossos pais são as pessoas mais inteligentes do mundo.
Quando Jovem nossos pais são as pessoas mais ultrapassadas do mundo.
Quando adulto nossos pais são as nossas maiores riquezas.
Quando idoso nossos pais são as nossas melhores lembranças e nossas mais fortes saudades.

Quando criança nossos irmãos são vistos como generais.
Quando jovem nossos irmãos são vistos como amigos.
Quando adulto nossos irmãos são vistos como força e sustento.
Quando idoso nossos irmãos são vistos como a melhor herança que herdamos.

Quando criança a escola é vista como castigo.
Quando Jovem a escola é um encontro social.
Quando adulto a escola é entendida como oportunidade.
Quando idoso a escola é pensada como aprendizado.

Quando criança o sexo oposto é o grande rival.
Quando jovem o sexo oposto é o fruto do  desejo.
Quando adulto o sexo oposto é a possibilidade de união.
Quando idoso o sexo oposto é visto como companheiro.

Quando criança o trabalho é coisa de gente grande.
Quando jovem o trabalho é uma questão de vestibular.
Quando adulto o trabalho é questão de sustento.
Quando idoso o trabalho é realização.

Quando criança o casamento é visto como coisa do papai e da mamãe.
Quando Jovem o casamento é coisa do futuro.
Quando adulto o casamento é um encontro definitivo.
Quando idoso o casamento é a celebração de uma aliança eterna.

Quando criança a fé é rezar para o papai do céu.
Quando Jovem a fé é ir à igreja aos finais de semana.
Quando adulto a fé é pedir a Deus força para enfrentar os obstáculos da vida.
Quando idoso a fé é agradece a Deus o dom da vida.

Quando criança a velhice é o vovô e a vovó.
Quando Jovem a velhice nunca chegará.
Quando adulto a velhice é aquela que insiste em bater.
Quando idoso a velhice é o presente.

Quando criança a morte é ir para o céu.
Quando Jovem a morte é algo que está longe.
Quando adulto a morte é uma realidade que dá medo.
Quando idoso a morte é uma visita inesperada.

Infância, pai, mãe, sexo, escola, trabalho, casamento, família, fé, velhice, morte. É a vida! A vida da gente. E não é novela. É realidade! E esses capítulos somos nós que escrevemos.