sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Entraves nas relações

Foto: desculpa

Entraves nas relações

Perder, perdoar e morrer. São estes os três grandes desafios com que se depara o homem moderno. Em maior ou menor intensidade, todos, um dia defrontar-se-ão com estes entraves: o constrangimento de perder; a “humilhação” de perdoar ou pedir o perdão; ou ainda, a difícil realidade de enfrentar a morte, seja por medo, indignação ou serenidade. Vejamos estes emblemáticos desafios:


· Perder com alegria! Perder nos dias atuais é sinal de fraqueza, encolhimento, restrição, limitação, inutilidade. As pessoas não gostam de perder. Não gostam de perder a razão, a competição, a posição. Gostam do pódio e não da competição. Gostam de serem reconhecidas por suas posições “firmes” e não pela capacidade de ceder. Ceder é coisa de fraco! A grande virtude para muitos está em ganhar. O homem é medido por aquilo que ganha: dinheiro, prestígio, posição. Por isso, para um ganhador compulsivo não é fácil compreender o sentido da doação, da oblação, da gratuidade, da entrega. Quem se condiciona somente a ganhar tem dificuldades em doar. Doar amor, elogios, cumplicidade, bens. Grandes ganhadores são na maioria das vezes grandes solitários. Não conseguem lidar com o limite, com a fadiga, com o humano, com o outro, com o fracasso. São escravos de suas pseudo-vitórias.

· Perdoar com generosidade! Perdoar é a grande novidade dos cristãos. Também o maior desafio diário. Perdoar o “inimiguinho”, o “inimigo” o “inimigão”. O cristianismo não é uma experiência legislativa, “dente por dente”, “olho por olho”, mas sim, uma experiência de misericórdia, “o perdão pelo perdão”. A reconciliação é a marca fundamental dos cristãos. Ela desconcerta a arrogância humana, a soberba, e o poderio, pois, pedir e doar o perdão requer sensibilidade de espírito, compaixão, benevolência e humildade. Perdoar é difícil, porém, é terapêutico. O perdão retira do homem sua equivocada presunção de fazer justiça por si mesmo e deixar que Deus a faça. E quando Deus a faz, executa com perfeição. Deus é mais misericordioso do que Justo. A justiça de Deus está na misericórdia dos homens.

· É morrendo que se vive! Morrer é o maior medo de todo homem. Medo da dor, da finitude, do adeus. Todo homem sabe que mais cedo ou mais tarde irá morrer. Mas, mesmo assim, o homem foge da morte, se esconde dela, não se prepara para enfrentá-la e quando se depara com a morte cai em prantos e desespero. A morte não é escondida de ninguém. Ninguém é poupado dela. Nascemos sabendo que vamos morrer. Porém, nos escondemos dela e não nos preparamos para a sua chegada. E por que fugimos? Porque se admitimos a morte amanhã, teremos que mudar nossa conduta de vida hoje: perdoar e pedir o perdão, se reconciliar, abdicar do orgulho e buscar o essencial, Deus. Evitamos pensar a morte para não termos que mudar de vida no agora da vida. Deixamos para pensar a morte no fim da vida para “aproveitar” a vida. Quem nos garante que a morte nos está reservada para um futuro distante? A morte é sempre um convite meditativo para uma nova forma de viver o hoje e o agora da vida.

Perder, perdoar e morrer são desafios para qualquer homem. São entraves que provocam a existência humana. Aguçam os sentimentos, fazem aflorar os relacionamentos. Perder, perdoar e morrer. Todo homem é capaz. Todo homem perde, todo homem perdoa, todo homem morre. Todo homem!

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